não pense na assombração - casa 1 - VENDIDA





preâmbulo


num restaurante do bairro da Liberdade, em 2009, mais ou menos, comi um puta lámen e levei o biscoito da sorte comigo, não estava afim de tirar o gosto de caldo de mil coisas da boca. desconheço a razão do meu ato: coloquei o biscoito na geladeira. o biscoito foi esquecido lá. murchou e foi para o lixo com embalagem e tudo. até hoje sou assombrada pelo recado que não li. também penso que, se fosse possível, resgataria o biscoito de 2009, mais ou menos, e o envernizaria.
essa história é verdadeira? bem, em 2009, mais ou menos, não havia agorafobia. ou havia e não havia sido manifestada.
havia e manifestação são boas palavras para o caldo que segue.

como o que diria o biscoito, entrego a vocês a primeira casa da série:



não pense na assombração - casa 1




dora segura uma criança à janela. no cômodo ao lado está a assombração, um poema. a casa com dora, a criança e a assombração estão de mudança para a sua casa. agora sua casa será assombrada pela casa assombrada de dora. a assombração ganha forças com o tempo. se alimenta de dúvidas, suposições. é possível supor o fantasma de um poema? dora traz em si ou na criança alguma pista? dora tem a chave do quarto ao lado? é preciso/bonito quebrar a maldição? mas não seria prudente deixar a casa inteira? afinal, dora tem uma criança no colo. contudo, dora. contudo, a criança. contudo, o fantasma no quarto: a assombração de um poema. um oráculo? o poema prevê a ruína da casa? a delicadeza com que você a estuda, inteira, branca, assombrada? o poema conhece sua decisão (quebrar ou não quebrar a casa?)? para que uma assombração entre na casa, é preciso o convite. pois não, podemos entrar? se você é apoiamore da campanha Poema Põe Mesa, está convidade a se manifestar para concorrer a essa assombração trabalhada em cerâmica fria, 6 cm de altura X 6 cm de largura e ⅕ cm de chão espalhado em dois cômodos, além de dora, a criança e uma assombração. podemos entrar?




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