morfologia da vez - do mural da campanha Poema Põe Mesa
olhava para o centro da luminária até perder a realidade para a luz fria. era a primeira vez da menina. não tirava a vida da luz. como que debaixo d’água, ouvia vozes, um bater de dedos, o bater de portas e bocas, tudo de modo arrastado, largamente feio e infeccioso. uns degraus e está de volta à infância. come pastel de queijo junto da mãe, na banquinha, perto da biblioteca da cidade. dois imensos copos de caldo de cana. “mais um cubo de gelo e tudo seria perfeito”, frase da mãe e que a menina repete, repete. uma temperatura desconhecida, um canhão vermelho apontado para a glote e a luminária falha.
"suportarias ficar mais um pouquinho?”
“mais um cubo de gelo e tudo seria perfeito”.
não era a última vez da menina. o queijo derretia e se esticava entre as metades.
Comentários
Postar um comentário
a respeito de leilões e vendas, por favor, deixe seu e-mail de contato (: